Maria Gadú lança seu primeiro DVD
RIO - Seu disco de estreia foi uma das melhores surpresas do ano passado. Em meio a dezenas de jovens cantoras e compositoras que não param de surgir, podem até existir aquelas que têm mais técnica ou melhores canções e arranjos, mas Maria Gadú atropelou-as com sua natural musicalidade. Some-se a isso uma personalidade forte e, ao mesmo tempo, tímida, com um jeito de moleque que remete a Cássia Eller - enquanto, como compositora, estaria mais próxima da MPB pop de uma Marisa Monte -, para chegarmos à equação que ajuda a explicar o fato de, então aos 22 anos, Gadú ter virado a cantora da vez.
"Multishow ao vivo" - que o canal exibe, nesta terça, às 22h30m, e no início de novembro será lançado em DVD e CD pela Som Livre - foi gravado em julho passado, em São Paulo, e reafirma o que Gadú vem mostrando em dezenas de apresentações pelo Brasil e também, à beira da superexposição, nas participações que tem feito em discos e shows de um eclético elenco de artistas, de Ana Carolina a Xuxa. Se pouco acrescenta, funciona como um registro de seus primeiros passos. Ou seja, o desafio maior ainda está por vir, o segundo disco de estúdio.
Acompanhada por uma banda com experientes músicos - como o baterista Cesinha, o baixista Gastão Villeroy e o guitarrista Fernando Caneca -, ela interpreta seu primeiro disco praticamente na íntegra, entre composições próprias ("Lounge", "Altar particular", "Dona Cila", "Bela flor" e "Shimbalaiê") e regravações ("Ne me quitte pas", de Jacques Brel, e "A história de Lily Braun", de Edu e Chico). Completam o repertório mais clássicos - de "Lanterna dos afogados", dos Paralamas, a "Trem das onze", de Adoniran Barbosa - e músicas de colegas de geração, com participação dos autores, incluindo Dani Black ("Aurora"), Luiz Murá ("Paracuti") e Luis Kiari ("Quando fui chuva"). São inéditas, mas que, musicalmente, quase sempre patinam num gasto terreno da balada pop.
Num dos extras do DVD - que também inclui uma entrevista, o clipe de "Dona Cila" e, tirado do show, o encontro com uma Sandy insegura em "Quando você passa" -, alguns desses amigos voltam a se alternar junto a Gadú no estúdio, para, em clima descontraído, filmado em preto e branco, mostrarem suas canções ou enveredarem por temas batidos como "I can see clearly now". Simpático, mas nada que consiga indicar uma trilha segura para um segundo disco à altura do primeiro.
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